segunda-feira, 3 de março de 2014

RECOLHIMENTO

Recolhimento

desfiz castelos...

despi os sonhos

lancei longe a esperança

guardei no baú do destino

possibilidades...

A Morte de Creusa


...e assim amanheço...
Visito espaços em desordem
Cama e cabelo em desalinho...
Ando pela casa e não a vejo...
Ela se foi!
Creusa morreu
Já foi tarde
Não há em mim nenhuma dor
Ando pela casa em meio a desordem
Na pia, vasilhas esperam.
Agora não!
Isto já não importa mais
Os livros me chamam
A poesia acena
Uma corrida pela manhã
E uma soneca à tarde
Não há remorso...
E pensei que não vivesse sem ela...
Creusa é morta...
Preciso deixá-la partir
Preciso que ela desocupe os espaços que tomou de mim...
De minhas alegrias...de meus livros, de minhas noites de sono...
De meu corpo cansado sempre em sentinela... sempre a labutar...
Vai Creusa... e vai muito tarde
Sei que seu fantasma vez por outra aparecerá
Mas não há mais urgência...
Agora só eu:é o que há!



Palavras


Palavras edificam
Palavras matam
Palavras revelam nosso interior...
Almas feridas, sonhos perturbados...
Espíritos felizes, semeadores de amor...ou...
Espíritos infelizes...
Corações desamparados
Enclausurados na dor


Palavras harmonizam...
Palavras aproximam
Palavras acalentam
Palavras curam...
Ganham:pernas, braços, asas...

Palavras voam, para se tornar cura, acalento...
Palavras voam para curar e cicatrizar feridas profundas...
Estancando sangue...
Dando vazão a ternura, ao amor...
E se vão...
E voltam...reveladoras...
Impregnadas de nós mesmos...
...então mal compreendida...
Se torna um punhal de prata...cravando no outro peito , uma tristeza profunda... uma infinita dor...
Se acolhida entretanto...se transforma em amor...
Volta caliente como a brisa morna...
Suave como a brisa na manhã, por sobre as flores...
Harmonizando a mim e ao outro
No intento de afagar...
Acolher num colo quente,
..amparar...
Fazer feliz...amar...

                                                             Margarida 16/09/12



Minha janela
 No  silêncio há o universo
Imperceptível mas há...
Quando todos  se vão, reaprendo a escutar...
E o silêncio impera...
Sem rádios ou telenovela...
Vagueia solta no   vento, minha alma a sonhar
Sorrio  com a algazarra dos macacos,
Que não param de  saltar
Beija-flores, corujas,  sempre vem me visitar
Encanta-me   esta luz cada  dia
Pois  sempre é primeira vez ...
Pois o brilho que foi ontem...
Hoje já não é brilhar...
É lembrança é passado, que ficou em algum lugar...
A noite chega e me acolhe com   estrelas a brilhar 
Pirilampos de vida...manto do mais profundo amar
Como será este ofício de no céu estrelas bordar?
Descanso profundo ...mergulho
Na mansidão deste olhar...
E peço ao Criador, que um dia há de me dar.
O  ofício tão sonhado:
Bordar estrelas  ao luar...
E as nuvens viajando, no azul, da imensidão enrolando fantasias...
Desenhando coração...
...não! é um carneiro! um velho barbado!...ou um cavalo?
Não sei...
 Pois como a vida sempre segue ligeira  a galopar...
O que hoje parece, amanhã pode mudar....
Da  mata verde, vem a  vida, sempre agitada feliz...
Balança  os braços contente e sei o que ela me diz:
Que se mostra sempre bela...
Pois sabe que eu a busco
Nas   manhãs  de minha janela..

Margarida Braga 01/02/13



E me encontro…
No novo tempo
Sempre é recomeçar
Nele sou eu quem conta
Do dormir ao acordar
De repente o tempo chega se apresenta e quer ficar
E te encontra de mãos atadas
Mente em prontidão, resiste! Vão te solicitar.
Mas não...
O sol nasce e se põe
A chuva vem e vai... e vem...
No novo tempo, não há ninguém!
Reluto, invento... reorganizo, procuro um fio tênue que eu possa me agarrar
E o tempo ri...esperançoso
De braços abertos, sedutor me envolvendo... sussurrando em meus ouvidos:
Vem... sou todo seu...
E paciente me espera chegar...
E enfim me vejo.
Eu!
Retalhos do passado?
Presente?
Projetos de futuro?
E ele ri...
Acha graça de minha meninez... e me afaga longamente
Não resisto...
E o mundo fica morno... confortável, mesmo nos dias frios, nublados , ensolarados ou chuvosos, não importa...mais...
Vejo-me no espelho e gosto...
As marcas do tempo estão lá...
Mas me amo ainda mais!
Rugas... como não amá-las.
São o mapa de minha trajetória...
A alma...
Hum...a alma se despe inteira...e em paz...
Procuro em seus escombros, a dor...
Grito     e ela não responde
A porta escura se fechou...
Todos os fantasmas se foram...
Não há mais dor, nem rusgas...
Nem os eternos se...se...se...
Neste tempo que me encontro, nada mais foi, ou deseja vir a ser...
Simplesmente é!
E me encontro enfim...
Me  olho , e me reconheço...
Quanto tempo de espera...
O tempo ri de novo...e acena que sim...
Tomo-o então nas mãos e prazerosamente deixo que ele deslize preguiçosamente, me inundando inteira...
Meu corpo se entrega neste prazer inenarrável de simplesmente existir.
Deslizo então, para dentro e para fora, sinto tão leve, fecho os olhos, posso voar...
Deságua em mim um prazer inexplicável, deste encontro  revelador.
Eu  plena de mim somente, neste  encontro de amor!








sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Em Vão

Em que lugar de mim
Parou a roda do tempo
Querendo te encontrar

Em lugar de mim
Palavras frágeis sussurradas
Diminuíram meu caminhar

Voltei atrás
te busquei
tentei tirar os nós
Que seus pés atavam

Mas permanecestes lá
Quieto, mudo...

Em que lugar de mim
Você insiste habitar
Se o que te trouxe
não pode me levar

Generosidade

Porque meus olhos e coração
Insistem em ver, o que não há
E assim querer

Não há possibilidade
Não há
generosidade...
suas mãos em algemas
sempre atadas

A busca em vão
O crer também

É utopia
os olhos que me levam
Os zelos que te velam
Te enclausuram
te distanciam
Tem cheiro de dor
Tão cheios de nãos!
Ferem...
Não há cor...
não há amor!
Campos de proibição
Preconceitos...preceitos...
Prisão!