sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Em Vão

Em que lugar de mim
Parou a roda do tempo
Querendo te encontrar

Em lugar de mim
Palavras frágeis sussurradas
Diminuíram meu caminhar

Voltei atrás
te busquei
tentei tirar os nós
Que seus pés atavam

Mas permanecestes lá
Quieto, mudo...

Em que lugar de mim
Você insiste habitar
Se o que te trouxe
não pode me levar

Generosidade

Porque meus olhos e coração
Insistem em ver, o que não há
E assim querer

Não há possibilidade
Não há
generosidade...
suas mãos em algemas
sempre atadas

A busca em vão
O crer também

É utopia
os olhos que me levam
Os zelos que te velam
Te enclausuram
te distanciam
Tem cheiro de dor
Tão cheios de nãos!
Ferem...
Não há cor...
não há amor!
Campos de proibição
Preconceitos...preceitos...
Prisão!

Neblina

A neblina cai
e estou só
Me fragilizo
temo o inverno

Busquei o sol
Em cada manhã
o cantar dos pássaros
A cada arrebol

Mas...é inverno
E minh'alma dói
pois, não há de ouvir
Nem cotovias,
Nem rouxinóis.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Dedos de Deus

Os dedos de Deus
Se alongam sobre a terra
Sussuram doce música
Em meus ouvidos

Gotejam incessantemente nos telhados
Como a me chamar...

Em seu gotejar incessante
Lava as folhas verdes
Em seu leve balançar

Gotejam incessantemente nos telhados
Como a me chamar...

Os animais buscam abrigo
Escondem-se nas verdes copas das árvores
As flores agradecidas
sorriem em suas cores

Gotejam incessantemente nos telhados
Como a me chamar...

Eu, homem bicho que sou
Da janela, tudo vejo e sinto
Dedos de Deus cobrem a terra
posso levitar...
Em seus lindos longos dedos
Me inundo de amar!

DEUS

Em dia de extrema dor
Inferno humano
Desespero...dissabores
Deus esteve em minha porta

Veio transvestido de mendigo
pediu-me um prato de comida
Com uma doce voz inebriante
Penetrou em meus confins

Aqueles olhos misteriosos
Mansos...envolventes e profundos
Pousaram em mim
Por breve instante...
Sugando o infortúnio
Que minh'alma devorava

Alimentei o homem
Na certeza que ali estava Deus
Tamanha a paz que naquele instante
Em minh'alma se fez

Aqueles olhos mansos e profundos
Olhos de Deus
Penetraram meu coração
Sequei a torrente de lágrimas
Recuperei a razão

domingo, 14 de dezembro de 2008

Mão Dupla

Era longa a estrada
Quando eu ia...
Tu vinhas!

Se tu vinhas...
Eu ia!

E no embalo da estrada
Que um dia te levou
Se é que algum dia te trouxe
O sonho se evaporou!

Leve

Caminho leve como folha
Levito por entre nuvens
Me deixo levar...
Turbilhão de sonhos
Te buscando em pensamentos
Te alcanço...te envolvo...
Sem nunca te encontrar!

SOFRIMENTO

Porque a chuva que dilui
Dilui a alma que possui
Sonhos e risos de mim
Buscas aflitas, sofridas
Viagens não vividas
Desgastes...
Infortúnios de mim

Dim...dim...dim...
As gotas batem no peito
Ressequido tamborim
Que de bater, fez-se eito
De um sofrimento sem fim!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

MISTÉRIO

O amor é mistério
Posto que queima e alivia
Enternece na resposta
Enlouquece no vazio

Vem não se sabe de onde
Em que lugar
Há me habitar!

Mas como chega vai embora
Não tem pressa, nem demora
Liberta a alma
Devagar!